Uma Literatura "Eu"

   "Aquele que escreve para sí mesmo, escreve para um público eterno", disse Ralph Waldo Emerson. Eu concordo com ele plenamente. Em gênero, número e grau.
     Eu estive pensando por esses dias, depois que lí as respostas dadas pela Lu Piras em nossa entrevista, e depois lí essa frase... Ela já não sai de minha cabeça. O tempo todo, estamos tão preocupados em agradar aos outros e não a nós mesmos...
     Em uma das respostas que a Lu deu, ela disse " Quando terminei, me dei conta de que tanta história não podia permanecer guardada só para mim. E então, comecei a revisar para publicar" Isso significa que, durante sete meses, ela deu duro em uma história que, de início, ficaria guardada para ela. Escreveu toda essa história sobre Clara e Nate primeiramente para ela, sem visar nada específico futuramente até que finalizou a última frase e colocou o ponto final. Até que percebeu que seria um injustiça a sí mesma, ao esforço que teve, a todo o empenho e esmero, deixar aquilo virar mais um arquivo dentre tantos outros no computador.
     Alguém tem alguma dúvida de que ela fará sucesso com essa história? Mais do que já está fazendo?
     Escrever para sí mesmo significa parar e se alto avaliar. Se sentir capaz de fazer algo glorioso e potencialmente complicado. Por que " potencialmente complicado" ?
     Em uma das aulas de filosofia, meu professor explicou como era difícil atuar. O ator empresta o corpo e a mente para o personagem, e isso pode vir a ser algo perigoso se o ator não conseguir mais sair da atuação. Acredite, isso pode acontecer.
     Então eu pensei: ser escritor e ator não são duas coisas tão diferentes assim. Aquele que escreve empresta o corpo de certa maneira. Sente as emoções que o personagem está sentindo, e só assim a história terá veracidade. Só assim a história fará com que nós, leitores, sintamos o mesmo. Seja felicidade, tristeza ou qualquer outro sentimento conflitante que parece sufocar nossa alma.
     O escritor empresta a mente, tem que colocar a própia vida de lado durante um momento para ser o personagem. Como ele vai pensar, como vai agir, como vai ver o mundo a sua volta. Todos os gostos, todas as manias, todas as características... Tudo é definido por aquela pessoa que fica horas sentada de frente para a tela do computador, esquecendo muitas vezes, as própias necessidades.
     Quando começamos a escrever sobre a vida de um ser que nossa imaginação criou, é praticamente impossível parar. E sabe por que? Porque deixar de lado aquele ser, seria o mesmo que matá-lo na vida real. Extinguir sua existência. E com isso, a culpa nos conssome. Isso acontece comigo, e com muitos outros escritores por aí.
     Não importa a nacionalidade, nem a crença.
     Sejam brasileiros, americanos, africanos ou coreanos...
     E se depois que transformar a sua literatura em algo você própios leria se fosse de seu agrado, eu garanto; alguém vai ler seu livro — caso decida publicar — e vai gostar.
     E isso basta.
     Desde que você tenha feito para sí mesmo, e depois para os outros.
     É isso o que eu penso. É nisso que eu acredito.

Published with Blogger-droid v2.0.4

1 comentários:

  1. Achei o texto bem legal, está de parabéns *-* Fez pensar um pouco. Já estou seguindo o blog.
    Beijos,
    Shake Your World

    ResponderExcluir

Blogroll